Onde as palavras só serão lidas por quem as quiser absorver...

segunda-feira, 23 de março de 2009

The perfect song

Sem que ninguém me interrompa é este o som perfeito da minha vida. O som que procuro a cada refugio.
Imagino-me eu sem ele e sem vida. É o som mais precioso que tenho. O único que me da prazer ouvir.
Lembro-me de passar horas a ouvi-lo, deitada no chão do meu quarto imaginando as estrelas do céu.
Estrelas essas que nunca vi mas que sempre fizeram parte desse meu som. Estrelas que na minha imaginação têm um lugar fixo e eu sei de cor onde ficam e quanto brilham.
Nunca realmente compreenderam este meu fascínio por este som, nem eu sei se me compreendo. Escuto-o e isso acalma-me!
Calma essa que já nem as estrelas me trazem, porque não são as mesmas que acompanham o meu som. Som que escasseia tal e qual a calma que ele me traz.
Iludo-me com ele pois só ele me traz sensação de paz, paz essa que sei ser efémera pois ao mínimo som o meu som se vai…
O tal som que se resume na sua ausência: o silêncio.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Sentidos

Pediram-me para fechar os olhos e mantê-los fechados, para os abrir somente se realmente necessário… E eu vi-me obrigada a aguçar todos os outros sentidos!
Nunca imaginei tarefa tão difícil…
Os olhos estavam (e estão) fechados e todos os outros sentidos ganham uma importância extrema. Sempre pensei que fossem igualmente importantes, mas já me apercebi o quão ingénua fui… A visão é dos mais importantes sentidos que me concederam! Talvez mesmo o mais importante (sem menosprezar os outros…).
Deixei (por momentos) de ver para ter que ouvir, cheirar, sentir… Sentidos tão depreciados e neste momento tão importantes:
Oiço-lhe voz em vez de lhe contemplar a beleza, e que diferença isso faz, e que bela é a sua voz… e eu que nunca tinha realmente reparado nela. Soa-me como jamais havia soado, sinto que me é familiar e aconchegante. (como pude nunca ouvir isso?)
Sinto a textura das folhas nas pontas dos meus dedos, em vez de ver uma simples folha como em todos os outros dias. Sinto-lhe a mão em vez de olhar para o gesto que busca a minha mão também. (e sabe tão melhor a surpresa do calor da sua mão…)
O cheiro que paira no ar é diferente, ou eu simplesmente nunca tinha dado pela sua presença… (sustenta calma e até sinto a maresia)
E tudo isto porque tenho os olhos fechados e os outros sentidos estão exaltados, tudo isto porque uma conjuntivite deliberou dar-me dores de cabeça e (por momentos) obrigar-me a fechar os olhos.
Seria tão mais suportável a dor se eu não visse aquilo que não quero ver? É assim tão verdade que o coração não sente aquilo que não vê?
Seja como for… vou manter-me de olhos fechados, pelo menos até a conjuntivite passar ;)